domingo, 8 de fevereiro de 2009

FÉ E RAZÃO.

Os maniqueístas ridicularizavam a fé como uma atividade indigna de qualquer pessoa culta e educada. Nunca tome algo pela fé, eles ensinavam, mas confie somente no que você conhece pela razão. Agostinho defendeu a fé contra esse tipo de ataque. Para ele, fé não é inferior à razão; a verdadeira fé nunca conflita com a razão. De fato, a fé é um passo indispensável em qualquer ato de conhecimento, um ponto que Agostinho expressou na famosa frase Credo utintelligam: Creio para que possa entender. Todo conhecimento começa em fé. Fé não é única à religião. Antes, ela é um elemento indispensável em todo ato de conhecimento. Agostinho definiu fé como conhecimento indireto, isto é, qualquer crença que é dependente do testemunho de outra pessoa ou documento. Com isso ele dizia que:

1. Fé é indispensável; é o princípio do conhecimento.

2. Fé é uma pré-condição do conhecimento. “A menos que creias jamais entenderás”, ele escreveu.

3. Considere nosso conhecimento dos registros da história. A menos que primeiro tenhamos fé na confiabilidade das nossas fontes, nunca conheceríamos algo sobre o passado. A menos que tenhamos fé no testemunho de parentes e documentos como certidões de nascimento, nunca seríamos capazes de conhecer nossa própria identidade.

4. Enquanto a fé é conhecimento mediado, a razão é conhecimento imediato; conhecemos por nós mesmos. Mas se a fé vem primeiro no tempo a razão vem primeiro em importância.

De acordo com Agostinho, as fontes para a nossa informação devem ser testadas. A relação entre fé e razão é análoga às duas lâminas de uma tesoura. Não faz sentido perguntar qual lâmina corta; o corte ocorre quando as duas trabalham juntas. Similarmente, não faz sentido perguntar se a fé ou razão é o elemento mais importante no conhecimento humano. Os humanos conhecem somente quando a fé e a razão trabalham juntas.

Ronald H. Nash
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Fonte: Lifes’ Ultimate Questions, - Zondervan, p. 151.

Segundo o dicionário Aurélio:
Maniqueísmo.
[De Maniqueu + -ismo.] S. m. 1. Filos. Doutrina do persa Mani ou Manes (séc. III), sobre a qual se criou um seita religiosa que teve adeptos na Índia, China, África, Itália e S. da Espanha, e segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo.
2. P. ext. Doutrina que se funda em princípios opostos, bem e mal.

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